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O filme abre com o menino Cuca desenhando com giz de cera no chão de terra de sua casa rural. Quando o pai parte para a cidade em um trem que some no horizonte (numa cena que ecoa a migração nordestina real), o garoto embarca numa busca fantástica, onde seus rabiscos infantis ganham vida.
A animação transforma realidades duras em poesia visual: favelas viram torres de sucata colorida, colheitadeiras mecânicas são monstros de metal. A sequência onde Cuca chega à cidade grande – uma explosão de letreiros neon e sombras humanas apressadas – contrasta brutalmente com seu mundo rural de cores primárias.
Enquanto busca o pai, Cuca testemunha a exploração dos trabalhadores por um empresário americano caricato. Os operários são retratados como figuras cinzas, espremidas em esteiras rolantes que lembram prisões. A cena onde o menino vê o pai – agora irreconhecível sob um uniforme de fábrica – é de partir o coração.
No clímax surrealista, a animação se desfaz em rabiscos novamente, revelando que a jornada toda ocorreu na mente de um Cuca já adulto. O círculo se completa quando seu próprio filho pega os mesmos giz de cera – questionando que mundo ele irá desenhar.
